O PERCURSO PRA CÁ & A PEDRA PRETA (adaptação do Grupo 3)


Elenco
Aníbal (guarda-noturno)
Alves
Virgolino
Chinês
Hans-Olof (sueco)
 Zlatan (sueco)
Guadalberto Carteiro
Zeca da Carris
Marcelino droguista
Ritinha
Marta Taberneira 

~

(Lisboa de Wendy Nazaré e Peps) 31

ATO I

Cena 1
Acendem se as luzes devagar e focam sobre o Marco de Correio e as personagens. Estamos no beco das sardinheiras. Vemos a taberna da Marta e a porta da drogaria. Há igualmente em palco um marco do correio. O guarda-noturno Aníbal, Virgolino Alpoim e Alves Mandrilador conversam junto ao marco do correio que se encontra na rua. Ouve-se um barulho que vem do marco do correio.
(Som Toc Toc)32

Aníbal (muito gordo, jovial, com uma amarelinha na mão): Ai, ai, ai! Ora a gaita!

(os barulhos continuam a ouvir-se oriundos do marco do correio e Aníbal abraça este). (Som Toc Toc)33

Alves (virando-se para Virgolino): O que é que estás a fazer? Tá a abraçar o marco? (vira-se para Aníbal)  Olha que ele não cai!

Virgolino: Homem, se é para dar beijinhos arranja-se coisa melhor, caramba!

Aníbal (para o público): Chiu! Calem-se que está alguém aqui dentro. (ouve-se alguém a bater na caixa do correio) (Som Toc Toc)34

Virgolino: Ei! Mas o que é isto? O que é isto?! Expliquem-me? (gritando porque está algo a bater dentro da caixa do correio)

Os três homens encontram se juntos no meio da cena, têm uma expressão de preocupação e aproximam-se de onde provem o barulho, ie do marco do correio.

Chinês (voz dentro do marco): Ei!

Os três homens sobressaltam-se e entreolham-se.

Aníbal (pega logo no telemóvel): Eu vou ligar (acentuando nas sílabas) a-go-ra mes-mo (retoma um palavreado normal) para a esquadrada. Vai que é algum criminoso (aparte) ouve-se com cada uma todos os dias, nunca se sabe… (começa a teclar e ouve-se o som das teclas 35)

Alves (agarrando no telemóvel e fazendo gesto de “não” com o dedo): Não ligues para a polícia, homem! Isso da esquadra só serve para complicar. E, enquanto eles vêm e não vêm, estrafega-se o homem lá dentro. E depois as perguntas, as chatices… (diz chegando com uma ferramenta, pronto para abrir o marco do correio). E se abríssemos o marco do correio?

Aníbal (agarrando no braço de Alves): É proibido abrir os marcos de correio, não sabias pá?

Virgolino (revirando os olhos): E ele a dar-lhe… Pois se o marco se abre na presença da autoridade... tu não és uma autoridade, ó Aníbal?

Alves: Se calhar até é o carteiro que lá está dentro. É capaz de ter caído quando ia levantar o correio. O gajo anda sempre c’os copos… (faz movimento de que bebe com o dedo)

Aníbal: Bem, eu fecho os olhos, mas despachem-se. (mete as mãos em cima dos olhos)

Virgolino: E vê lá se não adormeces! Alves, vai-me lá buscar um pé de cabra. (o Alves sai para a esquerda do palco em busca do instrumento e Virgolino volta-se para o Aníbal) Ainda estás acordado? (ri-se e vê-se o Alves chegar com um instrumento enorme. Virgolino mete a mão na testa) Meu deus, homem! Não tinhas maior, não?! Que exagero! Esse pé de cabra é um bocado escanifobético, pá!

Alves: Tenho outro lá em casa, mas era muito pesado e eu não gosto nada de confundir género humano com Manuel Germano!

Nesse instante o Chinês sai da caixa do correio espalhando à volta dele um monte de cartas que estavam dentro do marco do correio; dirige-se aos três homens. Luz sobre todo o palco.

Chinês: Cás do “Sodlé”?

Aníbal: Cás do Sodlé o tanas, o badanas e totinhas! Vais mas é prá esquadra que eu quero isto tudo bem esclarecido.

Virgolino (aparte): A mania que este gajo tem de levar a malta para a esquadra. Só pensa na esquadra, não sabe outra coisa. (virando-se para o Aníbal) O que é que o homem fez, pá? Fez algum mal, Aníbal? O que é que te dói? Até parece que é proibido entrar num marco de correio… qual é o mal?

Aníbal: Deixa de ser tonto. É proibido violar a correspondência! ‘Tá na lei! Queres que vá buscar o código civil ou quê? (Alves apanha as cartas espalhadas pelo chão, pega numa e exibe-a mesmo junto ao nariz do Aníbal)

Alves (ironicamente) : Ó Aníbal, vê lá sisso tá violado? Diz, tá violado?

Aníbal (aproximando-se da caixa): Realmente a carta não parece ‘tar violada. Ó pá, desculpa lá mas isto cheira-me a esturro, pá. Ó pá, a lei é a lei, não há volta a dar-lhe! É para ser cumprido. O beco não é a república das bananas, não venham com histórias…

Virgolino (com um ar de desprezo) Oh, senhor, aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Lá está ele a confundir género humano com Manuel Germano. Então há alguma lei que proíba um chinoca de estar dentro dos marcos do correio?

Alves (mostra-se embaraçado): Nem pensar em tal semelhante! Ó Anibal, deixa-te de histórias, pá, nem sequer podemos dizer ao homem como é que se vai para o Cais do Sodré? (o chinês continua sorridente abanando a cabeça em direção ao público, está muito direitinho junto ao marco do correio, fazendo repetidas vénias enquanto todos o observam da cabeça aos pés com um ar intrigado e curioso)

Aníbal: Vá lá! (com pouca convicção) Desta vez passa, andor! (virando as costas) Ajudem lá o homem que eu fecho os olhos. A malta aqui do beco sempre foi prestável e sempre ajudou uns e outros. Vá, digam lá como é que o homem deve ir para o Cais do Sodré que eu já estou farto desta história e quero-me ir deitar que já é tarde e amanhã é dia de trabalho.

Alves (explicando com calma o chinês): Ora, vocemecê quer ir pró Cais do Sodré, nã é verdade? Ora, meu caro amigo, vai por aqui abaixo, segue sempre em frente pela linha do eléctrico até encontrar uma praça... (o chinês agradece com um vénia e vai embora)

Apagam-se as luzes.




Cena 2

No dia seguinte no mesmo local. Ouvem-se pássaros a cantar. Aníbal e Guadalberto Carteiro estão junto ao marco e este último vai abrir o marco do correio quando saem de dentro do marco dois suecos com uma bebedeira. (Som de pássaros a cantar 36 A luz acende progressivamente com o cantar dos pássaros.

Hans-Olof e Zlatan (acenando a todos): Olá pessoal! (viram-se um para o outro, riem-se e seguem pela rua fora)

Guadalberto Carteiro (segue-os gritando): ESPEREM!! O que é que estão aqui a fazer? E quem são vocês?!

Zlatan: Eu sou Zaltan e “bou” te Zlatanear e ele é o Hans-Olof (olham um para o outro e riem-se) Não tem uma garrafa de whoasky?

Guadalberto Carteiro (um pouco enervado): Deixa-se de parvoíces, homem! (para o público) Ainda por cima acha que me vai Zlatanear… (voltando-se para o bêbado) Responde mas é à minha pergunta! Que fazem vocês aqui?

Aníbal: (tenta apanhar um braço de cada um) Vou levar-vos para a prisão! (para o público) Fui convincente? (no momento em que fala, os dois bêbedos agarram no Aníbal e começam a dançar o malhão-malhão quando essa música começa a tocar. Aníbal debate-se gritando) CHEGA !!!! (Zlatan e Hans-Olof largam o Aníbal que se ajeita. Os dois bêbedos riem-se discretamente olhando um pro outro). (Música Malhão 37)

Hans-Olof (para Zlatan): Deixa estar, não têm cá whoasky(ri-se com Zlatan)

Guadalberto Carteiro (irritado): Mas o que é que estão aqui a fazer?

Zlatan: Acho que estamos perdidos…

Guadalberto Carteiro: Mas donde é que vêm?

Hans-Olof (confuso): Estávamos no Roackstar Clube (ouve-se música de discoteca) e… aterrámos aqui. (Som de discoteca 38)

Aníbal: Conheço esse clube! É no Cais do Sodré.

Zlatan: Caímos num boaraco (deixa-se cair) e depois caminhamos através duma passagem onde cantámos (começa a cantar ao som da música “Pai da criança 39) “Mas quem será, mas quem será, o pai da criança…” e viemos ter aqui.

Guadalberto Carteiro: Sim … E depois?

Hans-Olof: E depois já... já não me lembro… Aliás lembro-me duma luz no fundo da passagem e que seguimos em frente. (bate com a sua garrafa de vidro na garrafa do Zlatan)

Zlatan: Vamos mas é para a taberna da Marta beber mais um copo (saem do palco passando pelo público e interpelam algumas pessoas ao som de copos de vidro que tocam uns nos outros) (Som de arroto 40)

Aníbal (suspirando): Olha-me qu’isto! Francamente! As pessoas já não se sabem comportar na rua, ó Guadalberto (comentando para Guadalberto Carteiro depois de lhe ter posto a mão em cima do ombro)

Guadalberto Carteiro : Tem razão, amigo, acontecem sempre coisas escanifobéticas aqui no beco. É verdade… ‘Tou-me a lembrar agora quando o Chico contou aquela história do Andrade que engoliu a Lua e a do Quim Ambrósio que levou com uma telha e deixou de falar e de perceber português…

Aníbal: Ai se ouvi! Aquilo foi… Puff! Que coisa mais estranha! E a do gato Gigas que parecia uma verdadeira pantera e comia polícias? Apre, essa fez-me andar arrepiado uns bons tempos, pá ! (abanando a cabeça tal como Guadalberto)
Apagam-se as luzes.

ATO II

Cena 1

Acendem-se as luzes que acompanham o deambular das personagens. O guarda-nocturno Aníbal e Guadalberto Carteiro andam calmamente e conversam, quando, de repente, o Carteiro tropeça em algo e cai. Quando os personagens param e começam a falar a luz estende-se a todo o palco.

Guadalberto Carteiro: Carago! Ó pá, mas que porcaria é esta? Pra que pago impostos, se nem as ruas são capazes de limpar?!

Aníbal (rindo-se): Ó pá, não sabes andar?! Nunca te ensinaram a ver onde pões os pés?

Guadalberto Carteiro: Tu é que me fizeste cair! (levanta-se e empurra o Aníbal. Foco de luz em cima da pedra)

Aníbal : Claro que não! Estás doido?! (defende-se e empurra-o de novo, e olha para o chão a procura de algo para justificar a queda do carteiro que se levanta e se põe em posição de luta)

Guadalberto Carteiro: Anda cá, se és homem, anda!

Aníbal: Calma amigo, calma, vê ali no chão está ali uma pedra.

Guadalberto Carteiro (enervado e chocado): Homem, mas achas tu que eu sou para tropeçar assim numa pedra, hã!?

Aníbal: Olha ali. Está uma pedra, a pedra preta, ‘tás cegueta...

Guadalberto Carteiro: E deve ser, deve (suspira e baixa-se para observar a pedra) Realmente, está aqui uma pedra. Pff, Já que não são capazes de limpar as ruas, vou fazer o trabalho deles e depois hei de ir pedir um subsídio ao Presidente da Junta. (projeta-se uma foto do Presidente da Junta enquanto Guadalberto se baixa de modo a apanhar a pedra fingindo fazer um esforço enorme sem conseguir fazer mexer a pedra)

Aníbal (rindo às gargalhadas): É pá, realmente, de homem não tens mesmo nada… Nem uma pedrinha preta consegues levantar???? (aproxima-se da pedra e apercebe-se que está encravada no chão.) De facto a pedra vista de perto é bem escanifobética.

Guadalberto Carteiro: Venham cá ver isto! (olhando para a pedra e gritando para o público) Olhem-me esta pedra!

Aníbal : Ó pessoal (dirigindo-se para a assistência), ó pessoal, venham cá ver! O Carteiro nem consegue levantar esta maldita pedra do chão! Atão, ninguém se mexe? Tá bonito, tá! (e começam a vir da assistência outros atores – AVÓ E AVÔ, PAI E MÃE, PRESIDENTE DA JUNTA E MÃE DO ZÉ METADE -  que chegam junto da pedra e mimam tentativas infrutíferas para fazer rolar a pedra, abanam a cabeça depois de tentarem e vão-se embora para a assistência; o último a tentar é o Presidente da Junta)

Presidente da Junta (ao não conseguir mover a pedra resolve tirar uma selfie com ela dizendo para a assistência): # pedra preta!

Cena 2
Chega o Virgolino da direita.

Virgolino (aproxima-se do Aníbal e do Guadalberto que estão junto à pedra): É mesmo escanifobética, essa pedra… Por que é que vocês não experimentam fazer a pedra rolar? Cavam-lhe debaixo, aplainam-lhe uma rampa e é deixá-la rolar aí pela rua abaixo.

Guadalberto Carteiro  (num tom irônico): É, até parece! O Virgolino é uma maravilha! É sempre mais avisado a sugerir do que a fazer!

Virgolino: Mas você já tentou por acaso fazer o que eu propus?! (os dois tentam fazer mexer a pedra sem sucesso.)

Aníbal: Está a ver, Virgolino? Fácil é da boca para fora. E essa maldita pedra (começa a gesticular e a tentar dar pontapés na pedra) Ah! Não quer sair! (continua a forçar, mas não consegue)O Virgolino e as suas ideias escanifobéticas…

Virgolino (levanta as mãos e fala com desprezo) Calma aí, amigo. Eu só queria era ajudar o meu semelhante, hã! Isto é preciso é não confundir género humano com Manuel Germano, ouviu? E pouca guita que o papagaio já vai alto!

Chegam o Zeca da Carris, o Alves e o Marcelino droguista com um pé-de-cabra.

Virgolino (desesperado) De novo, essa porcaria de pé de cabra?! Deixem-me adivinhar, havia maior mas era muito pesado para carregar, não é?! (olham uns para os outros, acenam com a cabeça, encolhem os ombros)

Alves (fala com segurança e gesticulando): Ala, rapazes, andor, que isto é para gente de barba rija! (cospe nas mãos, ajusta o pé-de-cabra à pedra, faz de que conta que estica o pescoço e estala os dedos para a frente, aplica a sua força bruta com um rugido ao instrumento; a pedra não mexe. Alves recua humilhado atirando o pé-de-cabra para o chão) Não, isto aqui anda mas é enguiço! (durante algum tempo todos se entreolham em volta da pedra preta, como quem não acredita ser impossível fazê-la mexer)

Zeca da Carris (gritando): Arranjem-me lá um cabo! (Marcelino droguista entra na drogaria para sair logo a seguir com um cabo de aço de rebocar automóveis)

Marcelino droguista (entregando o cabo ao Zeca da Carris e avisando num tom severo): Olhem que, se mo partem, pagam-mo!

Zeca da Carris (gritando): MALTA, VENHAM CÁ TODOS PUXAR  (todos se precipitam e agarram no cabo. O Zeca da Carris ata a corda à pedra. Começam todos a puxar.)

Todos (gritando): Vá! Outra vez! (mas acabam todos por cair e o cabo partir. Ouvem-se barulhos de “OH ISSE OH ISSE”. Depois dum grande esforço comum, não conseguiram mover a pedra e estão dececionados).

Marcelino droguista (suspirando): Ui, ui, ui, pessoal, isto nem com uma grua do porto… (todos se entreolham e faz-se um silêncio).

Cena 3
(Ouve-se baixinho a música infantil do Ruca – 41). Salta, entretanto, para junto da pedra, a Ritinha que é seguida pelo foco de luz enquanto dura a sua dança e os saltos que dá)

Todos: Ai, Ritinha, quando chegares a casa hás de levar poucas (Ritinha continua a dançar e a saltar, todos se riem, mas de repente faz-se um silêncio, ficam todos muito sérios. Ritinha agarra na pedra com a maior das facilidades e retoma a dança até ao Fim da música do Ruca 41; o foco de luz sobre a Ritinha cede lugar a um foco que abrange todo o palco)

Zeca da Carris: Olha, Ritinha, minha querida, vais-nos fazer um favor, tá bem? Vais devagarinho com a pedra, sem a deixar cair, pousá-la ali. Se fizeres como te digo, dou-te uma pastilha.

Rita (com ar sério): Quero muito mais do que uma pastilha…

Zeca da Carris: O que é que a minha princesinha quer, diga lá? Uma voltinha no elétrico aqui do Zeca da Carris?

Rita: Eu quero… (Rita, com ar pensativo, abaixa-se e faz como se fosse lançar a pedra para o público)

Todos (gritando): NÃAAAO!!!!!

Zeca da Carris: Ritinha, não queremos magoar o nosso estimado público!
Alves: Claro que não, de jeito nenhum ! (riso cínico da parte do Alves e do Zeca da Carris)
Rita: O que eu quero mesmo é ir ver o concerto do Anselmo Ralph (ouve-se baixinho uma música do Anselmo Ralph 42)
Zeca da Carris: O concerto?! Está decidido (entrega-lhe um bilhete que tira da mala de cobrança) Ritinha, fica lá com o bilhete da minha filha, mas lança-me isso “pra” longe, vá, por favor! (Rita obedece, lança a pedra para o fundo da cena e todos suspiram de alívio enquanto Ritinha sai do palco pelo público ao som de Anselmo Ralph que aumenta de volume enquanto ela sai 42) Pronto! Todos ao trabalho! Que o problema já está resolvido. (diz para o lado) Olhem lá, vocês, não querem avisar esses gajos lá das universidades e dos institutos do que aconteceu aqui?
Virgolino: Pra quê? Isso só dá é chatices, ou julga que vem dali algum? (ofereceu o gesto de polegar e indicador esfregados um no outro… todas as personagens concordaram, com um aceno da cabeça.)

Zeca da Carris: O compadre tem razão. O melhor é irmos beber ali uma amarelinha à taberna da Marta para festejar!

Marta Taberneira (aparece à porta da taberna logo seguida do Zlatan): É isso mesmo, vamos, que esta rodada, sou eu que pago! É oferta da casa! (chamando todos com um sinal de mão)

(Zlatan é o último a sair do palco atrás de todos, vão acompanhados pela Marta beber um copo para festejar a vitória contra a misteriosa pedra que só a Ritinha conseguiu mover com a maior das facilidades. (Ouve-se a música do Quim Barreiros 43)

Apagam-se as luzes

FIM 





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